Hipertensão arterial
Mais de 30% da população sofre de hipertensão. Muita gente possui a doença e nem mesmo sabe, pois não tem o costume de aferir a pressão esporadicamente. E nem mesmo apresenta qualquer sintoma, o que piora a situação. Certamente você conhece alguém que tem pressão alta. Mas resta a dúvida: hipertenso pode ir pra academia?
Todo hipertenso deve fazer atividade física, desde que esteja com a pressão arterial controlada e os exercícios sejam feitos de forma adequada, sempre acompanhada de um profissional qualificado e com autorização médica.
Embora tenha fatores hereditários, sabemos que condições de vida também contribuem: sedentarismo, estresse, obesidade, alcoolismo, tabagismo, etc.
Além da falta de sintomas, essa doença se torna perigosa pois é associada a mortalidade por doenças cardiovasculares: acidente vascular encefálico, doença coronariana, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e insuficiência renal (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2004).
Estando controlada, a hipertensão não interfere na atividade física. E o exercício recomendado é o aeróbio, executado de 3 a 5 vezes por semana, com duração de 40 a 50 minutos e intensidade de leve a moderada (50 a 70% da frequência cardíaca).
Aos hipertensos sedentários os exercícios devem ser de 40% a 60% da capacidade funcional máxima, principalmente associados à redução do peso corporal e da ingestão de sal. Estudos indicam que o treinamento físico de alta intensidade não modifica a pressão significativamente.
A musculação de baixa intensidade é indicada aos hipertensos como complemento aos exercícios aeróbios, até mesmo devido aos seus benefícios sobre os músculos e ossos. A sobrecarga deve ser de 50% a 60% da contração voluntária máxima (Forjaz et al, 2003).
Em resposta à atividade física aos hipertensos há redução da concentração circulante de catecolaminas (neurotransmissores que participam do controle da pressão) e do tônus simpático (controle do sistema nervoso). Essas reduções provocam diminuição do débito cardíaco e na resistência vascular periférica, resultando em menor pressão arterial em repouso (Fagard & Tipton,1994).
Pode ainda aumentar a capacidade cardiovascular e reduzir a demanda de oxigênio pelo coração para um dado nível de exercício, tanto em indivíduos normais, quanto na maioria dos pacientes cardíacos. Provoca a dilatação dos vasos sanguíneos nos músculos ativos, reduz a resistência periférica total e aumenta o fluxo de sangue através de grandes segmentos da árvore vascular periférica.
Na recuperação após uma sessão de exercício submáximo contínuo, a Pressão arterial sistólica é reduzida temporariamente para níveis abaixo do valor pré-exercício para indivíduos tanto normotensos quanto hipertensos. Essa resposta hipotensa ao exercício prévio dura cerca de 2 a 3 horas durante a recuperação
Assim temos que os benefícios são reais e imprescindíveis aos hipertensos. E o melhor é que nem é preciso muito esforço na academia. Bastam 40 minutos em intensidade moderada.
Para aprofundar conhecimento no assunto...
Estudos indicam que alguns medicamentos podem interferir na atividade física, mas não a impedem de ser feita:
- beta-bloqueadores: Como a prescrição da atividade física é feita através da resposta da frequência cardíaca, essa variável fica “mascarada” devido ao uso do betabloqueador, que age reduzindo o consumo de O2 do miocárdico basicamente pela diminuição do ritmo cardíaco. Também atuam reduzindo o aumento da PA (Pressão Arterial) induzida pelo exercício, limitando o aumento da contratilidade nessa situação. A principal indicação dos bloqueadores beta é como protetores cardíacos após infarto agudo do miocárdio, sendo também utilizados como anti-arrítmicos em determinadas situações.
- Nitratos: no exercício pacientes em uso de nitratos alcançam aumentos na duração e na carga. Seu principal efeito é a redução da necessidade de O2 do miocárdio em qualquer nível de exercício, contudo deve-se observar eventual hipotensão arterial durante o treino.
- Diuréticos: têm efeito hipotensor relacionado à depleção de volume e de diminuição da resistência vascular periférica. Diuréticos Trazídicos e os de Alça tendem a diminuir a PA durante o exercício em razão da diminuição da volemia e do débito cardíaco. Eles não têm efeito na resposta da FC em exercício, mas eventualmente podem induzir à hipovolemia e hipocalcemia durante e após o exercício.